Chicote artesanal
Escolhi este título para o meu blogue porque associa o imaginário BDSM com algo único e impossível de reproduzir. A expressão que acompanha o blogue pretende justamente sublinhar o facto de cada jornada ser única. Isso significa que de certeza cada dominador(a) e submisso(a) têm os seus pontos de vistas sobre o BDSM. Por vezes isso levará a conversas, discussões e sessões profícuas para todos, mas noutros casos provavelmente as diferenças serão tantas que não será possível caminharem lado a lado. É por isso que sempre me fez confusão aquele tipo de submissos que está disposto (ou diz estar…) a entregar-se a uma mulher, simplesmente por esta ser dominadora, sem saber nada sobre ela. Uma simples relação baunilha já é suficientemente complicada, na medida em que implica cedências e partilhas que nem sempre são bem aceites, mas numa relação BDSM essas cedências e partilhas são levadas a um patamar superior: são uma das traves mestras da relação. Se esta vai exigir tanto do submisso como é possível ele não querer conhecer o melhor possível aquela que o vai dominar? Uma relação, que naturalmente terá altos e baixos, deve assentar num amplo conhecimento mútuo. Será muito difícil compreender um casal BDSM que fale abertamente da sexualidade mas depois seja omisso noutros detalhes essenciais para a criação de uma relação transparente.
A inspiração para este título veio também da Comédia de Deus de João César Monteiro. Nesse filme os gelados que todos queriam eram únicos e irrepetíveis. Eram confeccionados de acordo com uma receita singular. Mais uma vez temos o elogio do artesanato sobre a industrialização que tudo uniformiza.
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