domingo, janeiro 13, 2008

Victoria Francés & Trobar de Morte



Podem ver neste vídeo (com “Calling the Rain” como banda sonora) várias ilustrações realizadas por Victoria Francés para o segundo volume da trilogia Favole: “Liberta-me” que foi editado em Portugal pela vitamina BD. As ilustrações do terceiro álbum também podem ser vistas aqui.

A música e estas ilustrações convidam a nossa mente a deslizar para a fonte das nossas fantasias. Para quem tem do BDSM apenas uma imagem de violência, agitação e muita adrenalina a canção “Calling the Rain” pode não ser exactamente a banda sonora ideal. Esta música inspira precisamente o oposto. O prazer surge do encanto e da simplicidade do ambiente que nos envolve. Não é tanto a excitação por realizar uma fantasia excêntrica e irrepetível, mas precisamente o contrário: um prazer continuado, que vive mais dos rituais que se depuram do que de uma “rapidinha”.

Um momento a dois, onde os chicotes estão pendurados, mas os pingos de cera caem sobre mim enquanto os pés da minha Senhora são beijados com calma e profundamente. Pingos de cera que caem ao som do dedilhar das cordas. Com os dedos Ela desenha os sinais combinados na minha pele. Sem uma palavra as ordens são transmitidas. Coloco-me de joelhos, olho para Ela e fico quieto. Sei que Ela adora tomar a iniciativa. Mas desta vez a Senhora permanece sentada e a minha cabeça procura repousar nas suas pernas. As Suas mãos deslizam pelo meu cabelo, acariciando-o e puxando-o de modo a que eu olhe para Ela. A Senhora aprecia que eu o faça sem hesitações, pois é sempre Ela que manda. O meu olhar não questiona o Seu domínio, antes o assume. E eu olho para Ela.

De pé! - Ordena Ela. De pé fico. Novamente à Sua espera. Uma bofetada? Um beliscão? Um arranhão? Um apalpão? Uma mordidela? Por vezes sim. Desta vez não. Que nova ordem virá? A Senhora levanta-se e com o dedo desenha um beijo na minha boca. Uma força atrai-me para a minha Senhora. O meu corpo nu deseja fundir-se no Seu corpete; quer abarcar todo o Seu corpo. Rapidamente volto a perceber que não sou eu, mas a Senhora que impõe o ritmo. A Senhora quer que eu coloque o meu corpo e o meu ser na ponta dos Seus dedos. Não há lugar para a rapidez, tudo será alcançado mas na cadência certa e segundo as suas ordens. Tal como a água de um rio que um dia atingirá a foz. Natural e simples.

Este é provavelmente o meu post mais melancólico de sempre, mas é assim que me sinto hoje…

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