Para a naturista:
Parece que o problema é a palavra convencional ;)
Quando eu afirmo que o sexo baunilha é convencional, é porque, a generalidade das pessoas o pratica, ao contrário do BDSM. Claro que dentro da sexualidade baunilha também existem grandes diferenças. E nem todas são praticadas pela maioria da população. Isto não implica nenhuma desvalorização do sexo baunilha. O facto de um ser mais praticado do que o outro, não tem mal nenhum. E se o BDSM é menos praticado, isso deve-se às nossas próprias barreiras. A mente joga um papel fundamental neste tipo de sexualidade, pois é ela que consegue tornar um acto de violência física ou uma ordem numa fonte de prazer. É este passo que os “baunilhas” não dão, ficando assim privados deste tipo de sexualidade.
A necessidade, por exemplo, de dor ou de restrição de movimentos que os submissos querem, e por outro lado, o prazer de infligir dor ou restringir a liberdade, no caso dos dominadores, causa desconforto a quem não se revê neste tipo de sexualidade. Num planeta em que todos lutamos pelo nosso espaço, pela nossa liberdade, não é simples perceber a necessidade do BDSM na vida daqueles que o praticam. Mas tudo se passa a nível mental. O mesmo submisso que deseja ser amarrado e deixado assim pela sua Domme, de certeza que não quer passar pela mesma experiência num assalto. Aquilo que se passa é que o submisso escolhe – é um acto de liberdade dele – quem lhe dá ordens, o irá privar da liberdade ou usar o seu corpo. É o submisso que escolhe dar-se. Entrega-se a uma Domme e isto proporciona-lhe prazer. Mas ao dar, o submisso sabe que também irá receber, talvez não saiba é muito bem o quê lol É essa simbiose que torna o BDSM tão atraente, para quem está envolvido. É também ele que impõe os limites, embora no decorrer de uma relação estes possam ser esticados – e segundo parece, são-no porque o próprio submisso, mais tarde, implora por isso lol
Num assalto, o stress a que a vítima é sujeita deixa marcas para toda a vida. E, por vezes, a violência até pode ser maior numa relação BDSM. A diferença está que o assaltante nunca se preocupa com a vítima. Não há aqui nenhuma relação. Pelo contrário, o elemento dominador da relação preocupa-se com o seu submisso. Mesmo que o abandone, vendado, numa sala, teve o cuidado prévio de verificar se ele não corre mesmo nenhuma espécie de perigo. E, quando lá voltar, quer saber se o seu submisso retirou prazer daquilo a que se sujeitou.
E a Domme? Esta não existe para servir as fantasias masculinas. A ideia da submissão masculina é este servir a Dona e não o contrário. Assim, é necessário que a Domme e o seu submisso encontrem afinidades e empatia, de modo a garantir que a relação BDSM possa progredir. Caso contrário, esta pode ficar refém da incompreensão da Domme e do egoísmo do submisso. Um desperdício, pois o BDSM pode ser uma actividade muito divertida quando a Domme joga com o desejo do seu submisso. Viva a imaginação!
Este desejo de posse e dádiva, dominação e submissão, dor e prazer escapa ao universo baunilha. Isto não significa que um tipo de sexo seja melhor do que o outro, até porque a maioria dos praticantes de BDSM também gosta da sexualidade baunilha, simplesmente uns procuram algo que não encontram na sexualidade tradicional. Talvez a ponte de contacto entre ambos esteja no fetichismo. A roupa fetichista também exerce um forte desejo nas mulheres baunilhas e só assim se explica, por exemplo, o sucesso das botas como calçado de eleição entre as mulheres.
Espero, desta vez, ter conseguido explicitar melhor as diferenças entre sexo baunilha e BDSM ;)
Para a Nefer:
Claro que o adepto de BDSM também pratica a sexualidade baunilha e portanto “consome aquilo que já conhece” mas numa dada altura da vida quis ir em busca de um novo sabor que lhe despertava a atenção. É essa a diferença. Os “baunilhas” por várias razões não exploram sabores kinky. Perdem assim o prazer de vir a conhecer o sabor do milho verde.
: p
Para a Dark Princess:
Segundo parece, o sucesso do sabor baunilha advém, precisamente, dessa neutralidade que lhe permite ser misturado com outros sabores mais fortes. O gelado de baunilha é assim uma espécie de base, como a pizza Margarita. Mas eu também prefiro o chocolate à baunilha ;)
O submisso!